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quarta-feira, 8 de junho de 2011

Luzia , a primeira " brasileira " ?


Luzia




    Até  pouco tempo, pressupunha-se que os habitantes das Américas teriam resultado de 3 ondas migratórias: uma de populações asiáticas, outra de grupos que teriam originado os chamados povos Na-Dene, que ocupam a porção noroeste da América do Norte, e outra que teria originado os Esquimós. Mas a reconstituição da face de Luzia, alguns anos atrás, trouxe novas variáveis. 
   Recentemente Luzia foi apresentada ao grande público e apareceu estampada na capa de revistas famosas, no Brasil e no exterior. A partir de um crânio datado em 11.500 anos e retirado de escavações feitas na região de Lagoa Santa (MG), foram modelados os tecidos musculares, a pele e os demais órgãos. E o resultado surpreendeu muita gente: Luzia apresenta, de fato, traços muito mais parecidos com os grupos que habitavam a África e a Austrália, do que com aqueles típicos nos grupos asiáticos .
   Luzia traz à tona a possibilidade de ter havido pelo menos mais uma onda migratória para as Américas, e desta vez por grupos da Ásia central que descendiam diretamente dos primeiros seres humanos modernos, vindos da África. E isto, certamente, teria ocorrido dezenas de séculos antes de 12.000 anos.
   Ainda hoje a data de 48.000 anos obtida em São Raimundo Nonato é a mais antiga do Brasil, e muitos especialistas continuam discutindo sua validade. O importante, contudo, é que ela não é mais a única. Em Minas Gerais escavações realizadas no sítio Lapa Vermelha forneceram datas que recuaram até 25.000 anos. O mesmo ocorreu recentemente no sítio Santa Elina, em Jangada (Mato Grosso) para o qual foi confirmada a data de 25.000 anos. Datações entre 15.000 e 12.000 anos são um pouco mais comuns, tendo sido obtidas nos sítios Alice Boer (São Paulo), Abrigo Santana (Minas Gerais), Abrigo do Sol (Mato Grosso) e Arroio dos Fósseis (Rio Grande do Sul). Isto sem falar nas datações também antigas obtidas em outros países da América do Sul.
   Assim, não há mais dúvida de que o homem alcançou as Américas (e o Brasil) muito antes do que se imaginava, ocupando o território ainda durante o chamado período Pleistocênico, que se caracterizou por uma grande instabilidade ambiental: o clima era mais seco e as temperaturas sensivelmente mais baixas, havia poucas manchas de florestas e grande parte do Brasil era formada por campos de vegetação baixa (cerrados e caatingas).
   Todavia, quase nada se sabe, ainda, sobre estas populações. Seus vestígios são raros e difíceis de encontrar, já que correspondem aos primeiros bandos nômades de caçadores que começaram a percorrer o país, avançando muito lentamente. Restos de suas ocupações estão sempre enterrados a grandes profundidades, e poucos sobreviveram ao tempo. As escavações encontram, geralmente, apenas tênues manchas de fogueira e poucos fragmentos de pedra, pobremente lascados. 




                     08/06/2011  22:45


Por :  Taíse Dourado




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