Na medida em que conquistava novos territórios, Roma empreendia não
apenas a sua supremacia militar frente a outros povos da Antiguidade. A
cada região tomada, as terras eram empregadas no alargamento das
fronteiras econômicas romanas. Desse modo, as atividades agrícolas, o
comércio e o emprego de mão de obra escrava determinavam interessantes
transformações. Além do enriquecimento, a conquista de terras provocou o
alargamento das diferenças sociais.
Ficando com boa parte das terras conquistadas, os patrícios conseguiam
produzir mais gêneros alimentícios e oferecer os mesmos a preços cada
vez mais reduzidos. Essa situação acabou prejudicando os pequenos e
médios proprietários plebeus que viviam na Península Itálica. Não
conseguindo competir com os baixos preços impostos pela supremacia
econômica dos patrícios, muitos desses proprietários menores vendiam
suas terras e acabavam se tornando mão de obra barata nos centros
urbanos romanos.
Com o passar do tempo, essas cidades, principalmente Roma, acabaram se
transformando em palco de terríveis tensões sociais. A grande
disponibilidade de escravos acabou limitando significativamente as vias
de inserção econômica e social desses plebeus que se dirigiam às
cidades. Além disso, os núcleos urbanos vivenciaram um insuportável
inchaço demográfico que se sustentava na proletarização dos plebeus
romanos.
Visando aplacar esses problemas, os tribunos da plebe e irmãos Tibério e
Caio Graco resolveram estabelecer reformas que resolvessem esse grave
problema que se desenvolvia. No ano de 133 a.C., Tibério Graco conseguiu
aprovar uma lei agrária que limitou a extensão das terras pertencentes à
nobreza e determinou a distribuição de terras públicas para os
despossuídos. Desconfortáveis com tal lei, os grandes proprietários
arquitetaram e executaram o assassinato de Tibério e 500 de seus
asseclas.
Dez anos mais tarde, Caio Graco ascendeu ao cargo de tribuno da plebe
com claras intenções de retomar os projetos de seu falecido irmão. Para
tanto, conquistou o apoio político dos cavaleiros romanos ao
beneficiá-los com uma lei que lhes concedia o direito de participar dos
tribunais que controlavam a administração dos recursos públicos
empregados nas províncias romanas. Além disso, ampliou suas bases de
apoio ao propor a ampliação da cidadania romana aos demais povos aliados
da Península Itálica.
A partir de então, Caio conseguiu aprovar leis que determinaram
mudanças na forma de distribuição das terras conquistadas em Tarento e
na Cápua. Logo em seguida, conseguiu a aprovação da Lei Frumentária, que
estipulava a venda de trigo a valores menores para os cidadãos mais
pobres. Reeleito em 122 a.C., o tribuno iniciou um projeto de
colonização das terras de Cartago, no norte da África, que eram
consideradas malditas pela tradição romana.
A tentativa de ampliação da cidadania romana acabou sendo utilizada
como motivação para que os plebeus se voltassem contra Caio Graco. Por
meio dessa lei, eles temiam que os benefícios garantidos pela política
de pão e circo fossem ameaçados. Após perder outra reeleição, Caio
tentou organizar um golpe de Estado. Em resposta, o Senado decretou
estado de sítio. Acuados, Caio e seus seguidores se refugiaram no monte
Aventino, onde o tribuno ordenou que um escravo o matasse.
Encerrados esses conflitos, percebemos que a reforma agrária romana e a
tomada de outras ações de natureza democrática foram violentamente
combatidas pela nobreza romana. Ao mesmo tempo, notamos que a classe
plebeia não se mostrava coesa nesses mesmos projetos de transformação,
tendo em vista que muitos eram confortados pelas ações assistenciais do
próprio governo de Roma.
Iago Azevedo
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