O Império Romano do Ocidente (395-476 d. C.) resistia há mais de um século aos
ataques dos seus inimigos exteriores, mas as suas fronteiras do Reno e do
Danúbio permaneciam incólumes, apesar dos inúmeros sinais que profetizavam a
próxima catástrofe. Nesta altura, era visível a miséria e degradação que
reinavam nas províncias, esgotadas pelo mantimento dos exércitos e pela vida
fausta dos imperadores. Entre os sintomas mais graves da ruína, contava-se: a
diminuição da população e, consequentemente, dos contribuintes e dos possíveis
soldados; o número cada vez maior de terras ermas, abandonadas pelos seus
proprietários ou cultivadores para escapar às exigências do fisco; os
constantes motins ou insurreições, tanto no campo como nas grandes cidades.
Recentemente descobriu-se que, provavelmente, uma epidemia de malária pode ter
enfraquecido a população romana na Itália e dizimado muitas vidas.
A política, inaugurada pelo próprio Augusto, de estabelecer colónias bárbaras
dentro dos limites do Império e formar com elas grande parte dos exércitos
romanos, teve como resultado a sua influência crescente, que se revela nos
nomes de Arbogasto, Estilicão e Rufino. Destes bárbaros, estabelecidos no
Império, partiram os primeiros ataques contra Roma. Os Visigodos,
estabeleceram-se a sul do Danúbio com Teodósio. Dirigidos por Alarico e em nome
do imperador do Oriente, ocuparam o Ilírico e a partir daí desolaram a Grécia,
que pertencia ao Império Ocidental. Em 396, Alarico, perante o general de Honório,
Estilicão, retirou-se novamente para a Ilíria e no ano 400 mudou-se com todo o
seu povo para o Sul dos Alpes depois da terrível batalha de Pollentia, deixou a
Itália até ao ano de 408, ano em que, sem qualquer oposição, marchou contra
Roma, que só pode salvar-se mediante um forte resgate. Como as suas exigências,
bastante moderadas, não foram atendidas por Honório, voltou a atacar Roma e
obrigou Augusto a declarar guerra ao grego Átalo, tornando-se Alarico o seu
comandante-em-chefe. Poucos meses depois, depôs o inapto Átalo e sitiou e
saqueou Roma (410). O seu sucessor, Ataúlfo, guiou os Visigodos para as Gálias.
Esta sucessão de eventos demonstra a anarquia reinante no Oeste, permitindo a
Ataulfo lutar nas Gálias a favor de Honório e contra os Francos e, em Espanha,
contra os Vândalos, Suevos e Alanos. Finalmente, Vália, sucessor de Ataulfo,
estabeleceu-se na Gália ocidental com o consentimento de Honório, e fundou a
monarquia visigótica. Nesta altura, também sob a égide imperial, a Espanha
dividiu-se entre godos, suevos, vândalos e alanos. Estes últimos cruzaram o
Reno e foram vencidos em Itália por Estilicão, tendo penetrado na Península
Ibérica, até então livre de invasões, através das Gálias.
Honório morreu no ano 423. As províncias, à exceção da Bretanha, não tinham
cortado formalmente os laços com o Império. A autoridade deste era simplesmente
nominal e nas províncias estavam já em processo de formação os novos estados
bárbaros. Ao longo do reinado de Valentiniano III, que sucedeu a Honório, destacam-se
o estabelecimento dos Vândalos em África e a invasão dos Hunos de Átila. Os
primeiros foram chamados pelo conde de África, Bonifácio, pelo ódio que nutria
por Aício, conde de Itália, e em 440 tinham-se fixado definitivamente naquela
região, se bem que reconhecessem a autoridade de Roma. Em 451, Átila invade as
Gálias, acompanhado por tribos germânicas do Reno e do Danúbio, mas foi detido
em Châlons pelos Visigodos e Romanos, unidos, a mando de Aécio, e teve que
retirar-se para Panónia, a partir de onde, no ano seguinte, invadiu a
Lombardia. Com o assassinato de Valentiniano III (455), o ramo ocidental da
família de Teodósio extinguiu-se.
As leis, a administração e a língua continuaram romanas, no entanto, a
emancipação da Itália e de todo o Ocidente da influência imperial direta é
considerada, com razão, como acontecimento que assinala a abertura de uma nova
era. Este evento tornou possível o desenvolvimento da cultura germano-romana,
facilitou o nascimento de diversos estados e nacionalidades, deu novo impulso à
influência da Igreja cristã e levou à criação dos fundamentos do poder dos
Pontífices.
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