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quarta-feira, 13 de julho de 2011

As Górgonas



As três Górgonas, originalmente, tinham rostos muito belos e corpos bem delineados, além de apresentarem graciosas asas douradas arqueadas por sobre os ombros. Essas irmãs, filhas imortais de Fórcis (o "Grisalho", filho do extremo Ocidente) e Ceto (os dois são divindades marinhas), chamavam-se Medusa ("a ladina"), Esteno ("a forte") e Euríale ("a que corre o mundo"). Medusa provocou a ira de Atena ao fazer amor com Poseidon (deus do Mar) em um dos santuários desta. Enfurecida, Atena tornou-a mortal e a transformou, e às suas irmãs, em feias megeras , as "Repugnantes". Tinham a pele escamosa de um lagarto e cobras silvantes por cabelos; sua língua era protuberante, cercada por presas de javali. Medusa era a mais feia e petrificadora das três.


O terrível olhar das Górgonas era tão intenso que transformava os mortais em pedra e por toda a volta da caverna em que viviam podiam-se ver figuras de homens e animais que tinham olhado casualmente para elas e foram petrificados por essa visão. Podemos vê-las nesse sentido, como figuras guardiãs, protetoras das fronteiras dos antigos mistérios primais, guardiãs do limiar. Robert Graves, entre outros, sugere que as sacerdotisas usavam, máscaras de Górgonas para afastarem os não-iniciados. Cabeças de Górgonas, na forma de grotescos entalhes, eram colocadas com freqüência nos muros das cidades gregas para aterrorizarem os inimigos, um exemplo de proteção de fronteiras pelo arquétipo das Górgonas.
As Górgonas viviam juntas no além-mar, na extremidade ocidental do mundo e seu santuário formava fronteira com o reino da Noite. Eram protegidas por suas irmãs mais velhas, as Gréias, que possuíam um único olho e um único dente que compartilhavam, passando-os uma para as outras.
O nome Medusa significa " sabedoria feminina soberana, " em Sanscrito significa Medha, Metis em griego e em egípcio, Met ou Maat.
Medusa foi trazida para a Grécia da Líbia, onde as Amazonas líbias a adoravam como a Deusa Serpente. A Medusa (Metis) correspondia ao aspecto destruidor da Grande Deusa Tríplice Neith também chamada de Anath, Athene ou Athenna na África do Norte e Athana em1400 a.C., em Minos Creta.

A Medusa tinha originalmente o aspecto da deusa Atena da Líbia onde ela era a Deusa Serpente das Amazonas. Seu rosto era oculto e pavoroso. Estava escrito que nada nem ninguém poderia levantar seu véu, e todo aquele que se atravesse a fazê-lo morreria instantâneamente. Foram os gregos que separaram Medusa de Atena e as tornaram inimigas.
Dando continuidade a nossa história..., mesmo após a sua morte, o sangue da Medusa conservou seus poderes e deu vida ao famoso Pégasus, o cavalo alado, obediente à Zeus. O sangue da Medusa é totalmente extraído de seu corpo e utilizado então, mais tarde, transformando Asclépio em um grande curador. Foi exatamente Atena quem deu a Asclépio dois frascos do sangue de Medusa. Venerado como fundador da medicina, Asclépio era habilidoso na cirurgia e no uso de remédios. Ele usou o sangue do lado esquerdo de Medusa para levantar os mortos; o sangue do lado direito provocava morte instantânea. Na verdade, Asclépio preferia trabalhar apenas com a capacidade curativa dos remédios. Mas o fato de o sangue de Medusa poder tanto curar como matar demonstra que a figura da Medusa ou da Górgona não era estritamente negativa e destruidora, tendo em si forças curativas positivas, o que lhe dava equilíbrio.

sangue mágico da Medusa se correlaciona ainda, com um antigo tabu relacionado com a menstruação. Povos primitivos acreditavam que o olhar de uma mulher menstruada poderia converter em pedra um homem. Também era crença popular que o sangue menstrual era fonte de toda a vida mortal e também da morte, pois ambas são inseparáveis.
As Górgonas aladas, cujos cabelos eram serpentes que também cingiam a sua cintura, juntamente com as presas dos javalis, a barba e a língua à mostra, são símbolos urobóricos do poder primordial do Grande Feminino, imagens da Grande Divindade Materna pré-helênica em seu aspecto devorador, como terra, noite e mundo inferior.
A acentuação urobórica masculino-feminina da Górgona não resulta somente da impressão causada pelas presas ferozes, mas também da língua estendida para fora, a qual, em contraste com os lábios femininos, sempre tem um caráter fálico. Na Nova Zelândia, a exibição da língua estendida é sinal de poder e de energia dinâmica. Onde quer que surja o aspecto terrível do Feminino, ele também será a mulher-serpente, a mulher com o falo, a unidade conceber-gerar da vida e da morte. Eis a razão pela quel as Górgonas são dotadas de todos os atributos masculinos: a serpente, as presas do javali, o dente, a língua exposta e, às vezes, até barba.


 POR: Renata Lobo

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